Hoje quero compartilhar com vocês uma reflexão sobre:
QUANDO O CORAÇÃO DECIDE
Espero que a mensagem seja acolhida por você, caro leitor.
Passamos a vida inteira nesse ofício inevitável de escolher. Fala-se muito em "Projeto de Vida" — essa ilusão encantadora de que tudo pode ser traçado como uma linha reta em um papel em branco, onde desenhamos os contornos do futuro, passo a passo, como se fosse possível prever cada detalhe. Mas a vida, desde o início, é feita de incertezas: até as treze semanas no ventre materno, o género de um bebé é um mistério. Se há tantos enigmas no princípio, o que esperar das escolhas que fazemos ao longo dos nossos dias?
Quantas vezes nos perguntamos, em silêncio, se tomamos as decisões certas? A busca pela certeza é constante, mas será que precisamos de tanto tempo para descobrir se acertamos? Talvez nem tanto. Acreditamos, no fundo, que a alma sempre sabe. Mas o ser humano, em sua teimosia, desafia o vento, remando contra o próprio coração, tentando provar — para si mesmo, e só para si mesmo — que fez a escolha certa. É um jogo de espelhos e enganos, uma dança de sombras em que negamos quem realmente somos.
Quantos jovens, em silêncio, carregam a dúvida em suas escolhas? Perguntam-se, aflitos, se aquele é o caminho certo e, por medo de errar, murcham antes mesmo de florescer. Quantos casamentos se desfizeram como castelos de areia? Quantas carreiras foram deixadas para trás? E, em cada uma dessas encruzilhadas, ecoa a mesma pergunta: estamos, de fato, seguindo o caminho certo?
Escolher é um esforço incansável de tentar preencher o vazio, encontrar a peça que falta, descobrir algo que a alma reconheça, onde o coração possa pulsar com propósito. Abraçamos alguém porque a solidão pesa; procuramos um médico porque algo dentro de nós precisa de cura. Afinal, pessoas determinadas determinam, pessoas curadas curam, pessoas acolhedoras acolhem, pessoas amáveis amam, e pessoas feridas podem ferir, se não curadas. Talvez a grande verdade seja esta: cada um de nós pode ser a própria cura para muitas das nossas incertezas.
Escolher é, antes de tudo, um ato íntimo. Nasce de um sussurro profundo, um sopro que se transforma em palavras e se alinha em frases, como um poema de intenções. É um ato de coragem, de entrega, de confiar na própria intuição.
E, no fim, escolher é viver. E viver, ah, viver é sempre escolher — vez após vez, dia após dia, até o último suspiro. Viver é escolher, e escolher é aprender a dançar com a incerteza em paz.